Após em 2024 a RTVE ter disponibilizado as suas rádios em DAB+ em 15 cidades espanholas, o Governo Espanhol deu agora luz verde para a expansão da rádio digital a todo o país.
Assim, foi decidido que a rádio pública e as privadas de âmbito nacional irão utilizar duas redes multi-frequência (MF-I e MF-II) com capacidade para 12 rádios cada utilizando codificação de audio MPEG HE-AAC v2.
A cobertura será faseada e de acordo com as seguintes metas para a rede MF-I:
- 50% da população no espaço de 3 meses.
- 70% da população no espaço de 12 meses.
- 85% da população no espaço de 24 meses.
Compreendendo que a rádio se escuta maioritariamente no automóvel, o Governo Espanhol definiu também metas de cobertura para as principais vias de comunicação. Recordo que defendi o mesmo para o inicio das emissões DAB+ em Portugal:
«E também porque o maior público da
rádio são os automobilistas e atualmente praticamente todos os recetores
em uso capazes de receber o DAB+ são os auto-rádios, deveriam ser ativados emissores de forma a permitir a receção das emissões DAB+ ao longo de (pelo menos) a autoestrada A1!»
Para a rede MF-II a cobertura deverá inicialmente alcançar pelo menos 20% da população. Foram também definidas regras para as emissões de rádio digital de âmbito regional e local e contemplada a possibilidade das autoridades públicas locais instalarem repetidores de baixa potência a fim de eliminar zonas sombra. As rádios regionais e locais poderão iniciar emissões em DAB+ livremente sempre que tal não afete nem os restantes operadores nem o planeamento da rede. Posteriormente e em data a definir, todas as emissões de âmbito regional e local serão realizadas unicamente em DAB+.
Tal como venho argumentando, uma das mais importantes mais-valias do DAB+ reside na capacidade de ser utilizada como sistema de alerta em situações de emergência. Não surpreende pois que o Governo Espanhol tenha estipulado que as redes DAB+ deverão estar preparadas para utilizar o sistema ASA (Automatic Safety Alert system).
Espanha é apenas um dos muitos países onde a verdadeira rádio digital tem sido implementada. Em vários países a revolução da rádio digital já chegou inclusivamente às rádios locais e comunitárias.
Por cá, lamenta-se a demora no arranque as emissões teste em DAB+. Recordo que em Portugal o inicio de emissões em DAB+ (teste) foi anunciado em Fevereiro e desde então mais nada se sabe. Na altura do anúncio o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares comentou que alguns consideravam que Portugal já chegava demasiado tarde ao DAB+ e que as emissões arrancariam muito em breve.
Das rádios nacionais (públicas e privadas) absoluto silêncio a respeito do DAB+. Nem na comemoração dos 90 anos da rádio pública (onde se falou do passado e do futuro) houve qualquer referência à rádio digital!
Leitura adicional:
Consulta Pública DAB+ Espanha (texto da consulta)Contrato de Concessão do Serviço Público de Rádio e TV 2025 (contributo)
Por este andar provavelmente vou receber o DAB+ espanhol primeiro que o português...
ReplyDeleteComo comentário relativo a "Nem na comemoração dos 90 anos da rádio pública (onde se falou do passado e do futuro) houve qualquer referência à rádio digital!", apenas refiro que, por este caminho isolado da restante europa, a rádio portuguesa tenderá significativamente a perder ouvintes se não houver alteração tecnológica que permita melhoria significativas das condições de receção!
ReplyDeleteComo tenho tentado fazer ver, há vários motivos para (a prazo) migrar para o DAB+: capacidade FM esgotada, interferências recorrentes em muitas frequências do FM, melhor áudio, maior resiliência, mais funcionalidades, menor consumo de energia. Vantagens para os ouvintes, para as rádios e para o Estado!
ReplyDeleteO grande problema é que, como o próprio Sec. Estado afirmou, há quem acredite (alguns estão à frente de rádios - digo eu) que a rádio não tem futuro e não querem investir no DAB+.
Se ficar tudo "em águas de bacalhau" (e pode ficar se não lutar-mos por mudança), pelo menos em boa parte do país vamos poder receber o DAB+ espanhol, tal como acontece com a TDT, mas ainda com mais cobertura. Então, com tempo, os portugueses irão dar-se conta de que voltámos ao tempo da "velha senhora" e do "orgulhosamente sós".